A saga dos "paraíbas"



Já tem alguns dias que eu estou pensando numa pauta para o blog. Eu planejava escrever sobre os royalties do petróleo, mas resolvi escrever sobre outr tema.

Depois de conhecer o blog do Sakamoto, que eu até indiquei aqui, e conversar com uma amiga que atualmente mora em São Paulo, decidi escrever sobre xenofobia. Mais especificamente, o preconceito aos nordestinos na região Sudeste.

Não é novidade para ninguém que os nordestinos não são muito bem vistos fora da sua região de origem. Existe um pré-conceito de que todos são cabeça-chata, ignorantes e somente sabem comer rapadura e farinha. A única utilidade seria de aumentar a densidade demográfica nos grandes centros.

Quando alguém toca no assunto, vem sempre um milhão de paulistas e cariocas dizer que esta é uma visão equivocada. Que ninguém jamais "atirou uma pedra" nos "paraíbas".


Mas, aí é que está. A agressão maior está nas palavras. Primeiro, ao deixar sua terra natal, os nordestinos dos nove estados se tornam uma massa única de "paraíbas" ou "baianos". O sotaque diferente, fruto da diversidade cultural do Brasil-continente, é motivo de chacota, como se houvesse um jeito certo de falar (somente esse ponto da diversidade linguística já dá um post, mas deixarei para um futuro próximo).


Já li diversos comentários preconceituosos no Orkut. E ao se defenderem, os nordestinos são acusados de iniciarem esse processo xenofóbico, pois não sabem distinguir uma "piada" de afirmações. Então tá. Chamar um afrodescente de "macaco" também é uma brincadeira.


Em segundo, o nordestino é taxados de despreparado e preguiçoso. A ele são destinadas as piores jornadas nos trabalhos mais pesados. Emprego para "paraíba" é de pedreiro, porteiro, motorista, doméstica, babá. O sonho de um vida melhor que motiva a migração, se torna pesadelo na vida indigna destinada aos nordestinos nos grandes centro do sul-sudeste.


Se entram para uma grande universidade é por causa das cotas. E parece que ninguém se dá conta que este cenário é frutos de anos de distorções sociais. Historicamente, mesmo sendo a primeiro região a ser colonizada, o nordeste sempre foi deixado de lado na hora dos investimentos.


Bom, mas o propósito deste texto não é aprofundar ainda mais essas diferenças entre as regiões. O que eu proponho é a promoção ao respeito mútuo. Deixar de fazer uma infeliz "brincadeira" já é um começo. Além disso, perceber que na maioria das vezes, a migração se dá por falta de opção. Noventa porcento de quem saí do nordeste não gostaria de fazê-lo.


Por último, digo que não se trata de um artigo científico. A base deste texto é simplestemente o senso comum e as experiências de quem nasceu e viveu boa parte da infância em São Paulo.

Comentários

  1. Realmente todos julgam os nordestinos de uma maneira um tanto quanto equivocada eu diria.
    Isso sem falar nas piadas sobre nordestinos, até pode ser levado como brincadeira mesmo, mas ás vezes a brincadeira passa dos limites e surgem as ofensas, ou coisa pior.

    vou seguir, segue?
    http://www.desabafointerior.blogspot.com/

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  2. °°ºN@ttydreadº°°22 de março de 2010 às 00:49

    Ei, eu gosto de rapadura e farinha!!!

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  3. E mais uma coisa: Isso aí não é xenofobia, é um fato social!!

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  4. Xenofobia é o medo (fobia, aversão) que o ser humano normalmente tem ao que é diferente (para este indivíduo). Pode também ser definida por distúrbio psiquiátrico ao medo excessivo e descontrolado ao que é desconhecido.

    Xenofobia é ainda usado em um sentido amplo (amplamente usado mas muito debatido) referindo-se a qualquer forma de preconceito, racial, grupal (de grupos minoritários) ou cultural. Apesar de amplamente aceito, este significado gera confusões, associando xenofobia a preconceitos, levando a crer que qualquer preconceito é uma fobia.


    Devemos considerar os fatos sociais como “coisas”.
    Para Durkheim, "coisa" é algo Sui generes, ou seja, é dotado de uma lógica própria.
    Precisamos limpar toda a mente de prenoções antes de analisarmos fatos sociais. Essas “noções vulgares” desfiguram o verdadeiro aspecto das coisas e que nós confundimos com as verdadeiras coisas. As prenoções são capazes de dominar o espírito e substituir a realidade. Esquecidas as prenoções devemos analisar os fatos sociais cientificamente.
    O sociólogo deve definir aquilo que irá tratar, para que todos saibam, incluindo ele próprio, o que está em causa. É necessário que exprima os fenômenos não em função de uma idéia concebida pelo espírito, mas sim das suas propriedades concretas.

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